
Flavio Moreira
Como a crise dos 30 afeta sua satisfação com o trabalho
Segundo pesquisas, pessoas na casa dos 30 anos são as que apresentam maiores níveis de insatisfação profissional, assim como menor engajamento no emprego. Como é possível virar esse jogo?

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Uma faixa etária de muitos questionamentos. Podemos definir assim a fase que vai entre os 25 e 39 anos, e principalmente, entre os 30 e 33 anos. É justamente nessa época em que muitas pessoas passam a questionar suas escolhas do passado que as trouxeram até o momento presente.
Certas reflexões começam a surgir sobre o encaminhamento e o sentido que está sendo dado a própria vida. Obviamente, nem todos os jovens adultos passam por isso exatamente. Isso porque existem alguns que não vão demonstrar essa necessidade e o desejo por se questionar, pois ainda que não tenham uma vida próspera, acreditam que do jeito em que está, já é o suficiente e seguem felizes ou preferem acreditar que estão felizes.
Outros poucos, acertaram em muitas escolhas e decisões do passado e sentem-se verdadeiramente realizados com a vida atual. Têm um bom planejamento e mantêm pensamentos e comportamentos de prosperidade que os levam na direção do que acreditam, seguem ouvindo sua intuição e possuem bastante autoconsciência e autenticidade.
Porém, existem muitos outros jovens adultos frustrados com seus empregos, com os rumos de suas carreiras. Começam a ver as consequências dessa insatisfação se desdobrando em suas finanças e/ou em seus relacionamentos. Sentem-se perdidos, desmotivados e ansiosos.
Você se identifica com esse último cenário?
Existem uma série de pesquisas realizadas em diferentes instituições importantes pelo mundo, e em diferentes épocas, que apontam que a faixa etária dos 30 e poucos anos é a que apresenta maior insatisfação no trabalho e também o menor engajamento no emprego.
A crise dos 30 anos tem como foco central a insatisfação com o emprego, as finanças e relacionamentos amorosos, segundo uma pesquisa realizada pelo Linkedin em 2018.
É como um efeito onde não ter um bom trabalho ou não ter emprego levasse a ter pouco dinheiro, com pouco dinheiro, poucas ou nenhuma saída, e sem saídas, zero encontros e relacionamentos amorosos.
Some a isso o modo de vida em que temos hoje, onde as redes sociais mostram o palco das pessoas o tempo inteiro em fotos e vídeos que mostram quase sempre os melhores momentos delas. Quem assiste a tudo isso geralmente faz comparações entre o palco exibido nas fotos e postagens dos outros com o seu bastidor. Uma crueldade.
Sensações como a de estar atrasado, em descompasso com os outros que já estão em patamares "melhores"que os seus começam a ser mais e mais alimentadas.
Com tudo isso, vem a preocupação com o futuro trazida pela ansiedade, que em realidade, é exatamente excesso de futuro. É percebido também um desgaste emocional, pois essas pessoas se sentem pressionadas por si mesmas e pela sociedade.
São homens e mulheres que estão com pressa para fazer acontecer, mas não sabem como, estão inseguros, desanimados demais para agir, perdidos o bastante para se encontrar e nocauteados pelo excesso de informações.
Precisam encontrar o emprego dos sonhos, precisam ter as qualificações que acreditam que ainda não têm para ter esse trabalho apaixonante, querem uma promoção, não podem se endividar. E ai, desistem. É muita coisa.
No entanto, esse problema está longe de ser impossível de resolver. Na verdade, a solução para ele começa num primeiro passo fundamental e pouco exercido por boa parte das pessoas, pelo menos mundo pré pandemia de COVID-19 e isolamento social.
O encontro com si mesmo é o primeiro passo para começar o processo que te leva até a satisfação profissional, trabalhar com o que ama e por fim a essa angustia.
Ah, Flavio! Você está de brincadeira! Levou esse tempo todo aqui do post pra falar que eu tenho que encontrar comigo mesmo?!
Sim! Com certeza. E esse é só o primeiro passo de algo que nunca termina. Quer viver uma vida com plenitude e onde você satisfaça todos os seus motivadores? Então viva uma vida onde você pense sobre ela. Não há outro caminho.
Tem muita gente de 30 e poucos anos que não se conhece, que não sabe nem responder quais são seus três principais sonhos ou objetivos de vida. Gente que não sabe nem o que gosta e porquê faz o que faz. São pessoas que são como barcos à deriva. Qualquer caminho serve.
O que esses pessoas não enxergam é que elas são tudo menos protagonistas da própria vida. E ai, não adianta reclamar, não faz sentido colocar a culpa nos outros, no governo, em Deus, no chefe, no vizinho, na família ou nos amigos. Pois você se presta a esse papel de pegar sempre carona no carro dos outros. Você sempre se presta a fazer o papel de passageiro e não de motorista.
Quem está dirigindo o carro da sua vida? Sua mãe? Seu pai? Seus amigos? Seu gerente? Seu marido ou esposa? Seu filho ou filha ainda que tenha 5 anos de idade? Quem dirige o veículo da sua vida?
Só há uma maneira de você trocar de papel e passar a ser o protagonista: você precisa segurar esse volante e dirigir esse carro. Ajeita o retrovisor para aprender com o que ficou para trás, mas não mantenha o foco lá, pense em qual é o destino desejado com base no conhecimento sobre si (qual é a viagem que você quer fazer? Quem está lá com você? Onde é esse lugar? O que ele vai te proporcionar? Por que esse destino é importante pra você?).
Cheque o trajeto (que é a estratégia) que o seu GPS da mente vai mostrar, segure firmemente o volante, passe a primeira marcha para dar o primeiro passo, a segunda marcha para o segundo passo e assim vai até a quinta marcha, sabendo reduzir quando for necessário, pois haverão curvas no caminho, você vai precisar parar no posto para abastecer e colocar combustível que te afasta do pensamento de desistir. É melhor descansar e recarregar do que desistir da viagem. É ai reside a diferença entre quem alcança e quem fracassa.
A estrada não será em linha reta e você aprenderá muito nas curvas, depressões, paradas, pneus furados, abastecimentos. Mantenha-se firme. Mas antes disso tudo descubra qual é a sua.
Resgate suas afinidades de infância. O que você gostava? O que você ainda gosta de tudo aquilo? Você possui recursos (talentos, habilidades, emocional...) para realizar isso? É de fato uma paixão?
Conecte-se com você. Talvez este seja um excelente momento para isso. O isolamento social tem nos dado bastante tempo para voltar o olhar para dentro, para silenciar tantas vozes externas e procurar ouvir a voz que vem do íntimo e descobrir qual é o caminho de cada um a partir de agora.
O que te move? Quais são suas forças? Quais são as limitações?
Simplesmente mova-se na direção de quem você é.
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